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Pandemia coloca em risco saúde mental dos trabalhadores brasileiros

  • Foto do escritor: Machado Silva - Advogados e Advogadas
    Machado Silva - Advogados e Advogadas
  • 6 de mai. de 2021
  • 3 min de leitura

Altas cargas horárias, insegurança financeira e falta de definição entre o espaço laboral e de lazer levam cada vez mais pessoas ao adoecimento

No ano de 2020, 576,6 mil trabalhadores brasileiros precisaram recorrer às concessões de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez devido a transtornos mentais. Os dados são da  Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Governo Federal,  e representam uma alta de 26% em relação às mesmas ocorrências de 2019.  Esse é o recorde desde 2006, quando os casos começaram a ser contabilizados.

A psicóloga Caroline Vilaça Pinto, que atua no Rio de Janeiro, explica que os transtornos mais comuns originados pelo ambiente organizacional são a  síndrome de burnout, ansiedade, depressão e síndrome do impostor. As causas são muitas: desvalorização, imposição de jornadas exaustivas, assédio (de moral à sexual), baixos salários, e a ausência de vagas CLT, o que causa insegurança econômica.

 A psicóloga reitera que como em qualquer relação, a base de um ambiente laboral saudável é o respeito. “Isso inclui o respeito à  jornada de trabalho do colaborador (em horas), a saúde, e a autoestima, entre outros.”  Ela também ensina  que uma dinâmica de trabalho saudável ocorre a partir do momento em que cada indivíduo tenha suas funções, horários e qualificações definidos e respeitados, sem sobrecarga ou exploração. “É preciso lembrar todos os dias que seu patrão não é dono da sua vida, e sim que ele contrata sua força de trabalho”.

É justamente nessa linha - entre a vida pessoal e a corporativa - que a pandemia está tornando as margens borradas. Na modalidade teletrabalho, é mais difícil separar o horário de descanso do de produzir. Se antes essa distinção ocorria de forma mais automática devido ao deslocamento e a mudança de ambiente, agora é difícil definir o que é trabalho e o que é tempo de descansar.  A dica da profissional de saúde Caroline Vilaça é prestar atenção a esses limites desde a contratação:  “A leitura do contrato é importantíssima, pois ele será seu apoio legal caso você tenha que recorrer externamente.” Nele, deve estar o  turno de trabalho estabelecido e pontuar  as demandas e atividades atribuídas. Caso sejam pedidas horas extras, alerta a psicóloga, é preciso exigir remuneração pelas mesmas. Ela também indica não atender a ligações de trabalho (exceto em casos de extrema urgência ou em acordo mútuo para tal) fora do expediente”, conclui.


Medo do desemprego e insegurança econômica

Outro ponto ressaltado por Caroline Vilaça é a insegurança econômica causada pela pandemia, o medo do desemprego e também das últimas perdas de direito dos trabalhadores “É impossível não levar em conta fatores relacionados à questão financeira como potencializadores de condições psicológicas.”  

Na sua experiência clínica, a psicóloga também percebeu um aumento nos casos, que já eram muitos. “São relatos de ansiedade por saber que não vai conseguir quitar as contas do mês, não receber o suficiente para poder se alimentar e alimentar seus dependentes”.

Outro recorde histórico alcançado no Brasil em 2020 foi o do desemprego:  a taxa alcançou 14,1% no trimestre entre setembro e novembro, o mais alto percentual para esse período desde 2012. O total de desempregados no país foi estimado em 14 milhões. 

Essa é a abertura de uma série de matérias sobre a saúde mental do trabalhador. Em breve, vamos trazer informações de classes específicas, e de como elas podem se proteger de possíveis abusos no ambiente laboral.  Siga o escritório MSP nas redes sociais para receber notificações.

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